quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Por "Dá cá aquela palha" !!!


Breve fim de um conto de fadas

O gato descalçou as botas lentamente. Não apenas pela melancolia que lhe enchia os olhos mas também pela idade que acusava o seu já pêlo ralo cor cinzento-pimenta. Longe iam os tempos da monarquia e do seu Marquês de Carabás.
Longe iam os tempos em que tornou azul o sangue de um simples filho de moleiro. A monarquia, essa, caíra ainda ele tinha quatro das suas sete vidas. Restava-lhe apenas uma.
O seu Marquês há muito partira. Restavam possíveis descendentes espalhados pelo antigo reino.Nem o seu bigode apresentava a jovialidade e brilho de antes. Longe iam os tempos em que passava as noites de Janeiro atrás das gatas a miar. Aliás, foi graças a isso que um incauto ou abastado senhorio lhe mandou com duas botas à pinha na tentativa dele desamparar a loja e deixar a sua gata persa de alvo pêlo em paz. Eram essas que ele agora descalçava com alguma dificuldade. Afinal, umas botas de 5 kg sempre enfiadas nos pés não poderiam trazer grandes benefícios físicos para um animal quadrúpede. Algumas hérnias discais, uma ou outra artrose que lhe dificultava o andar. Mas ele gostava das botas. Do espaço para retrair as suas afiadas garras felinas.Lentamente descalçou as botas.
Lançou-lhes um olhar depois de as encostar a um canto do seu pequeno quarto.
Calçou uns ténis Nike novos que acabara de comprar por túta-e-meia na feira lá do sitio.Saiu para a rua encaracolando os bigodes trauteando uma melodia há muito esquecida.Encostou-se lentamente no banco perto da escola para gatinhas de renome.
Entretanto, nessa mesma rua, o sapateiro, com tristeza, colou o papel de “Arrenda-se ou trespassa-se” na oficina onde sempre trabalhou. Fechou a porta, lançou um último olhar à casa e afastou-se a passos pesados.
As botas, essas, ainda hoje ganham pó esquecidas e encostadas à parede.

Resumindo: não tenho futuro na escrita infantil
(Clique no título “Breve fim de um conto de fadas ” para ler o artigo completo)
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PS: Só faz futuro quem porfia, assim como fez o Gato das Botas. Durou enquanto "uns terceiros"
não estragaram tudo "lá no Reino". Tal como aqui, onde anda meio mundo a estragar o outro meio, até por "tuta e meia" ou por "dez réis de mel coado".

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(Crédito ao Passarinhos Fritos com arroz doce... )

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